* Por Claudia R. C. Lopes
Com a maior exposição a ambientes externos e ao sol no verão, devemos dar mais atenção aos cuidados relacionados à exposição solar para evitar problemas sérios e até doenças. Muitos adultos sabem que devem usar protetor solar e evitar passar muito tempo sob o sol, mas quem cuida de crianças deve ter a atenção redobrada, pois elas ainda não entendem o quanto o sol pode ser perigoso. Falamos disso todos os anos, mas se trata de um tema relevante, que precisa ser discutido a cada verão.
Embora a incidência de câncer de pele em crianças seja baixa se comparada com a de pessoas adultas, ela existe – de 1% a 3% dos casos de câncer infantil trata-se de câncer de pele. E justamente pelo fato de ser rara, a doença tende a ser diagnosticada tardiamente, impactando no tratamento e na cura. Além disso, o calor, a umidade e a exposição solar podem causar outras condições bem chatas de lidar e doloridas para os pequenos. Portanto, entre dezembro e janeiro, precisamos relembrar a população a respeito das medidas preventivas ao surgimento de câncer de pele, queimaduras, brotoejas, infecções cutâneas e dermatoses.
O câncer de pele é resultado dos efeitos da exposição solar em médio e longo prazo e pode aparecer a partir do surgimento de lesões pigmentadas – conhecidas como pintas ou nervos melanocíticos, os quais podem evoluir ou não para um quadro maligno durante a vida. Ele aparece em adultos, crianças e adolescentes, pois nossa pele tem “memória” e acumula os danos solares ao longo da vida.
O grande problema é que, em média, as crianças se expõem três vezes mais ao sol do que as pessoas adultas, e a maior parte da radiação UV (ultravioleta), cerca de 80%, vai se acumulando na derme durante a infância e adolescência. A maior preocupação é esse dano solar crônico, que vai acontecendo progressivamente como resultado da exposição solar diária sem proteção em qualquer atividade ao ar livre, como na escola e no carro, sem a devida prevenção – o que ocorre durante todo o ano, não somente no verão. Além disso, outro fator de atenção é a hereditariedade: quando há histórico de melanoma na família, é essencial tomar todos os cuidados preventivos possíveis. E, mais uma coisa: queimaduras solares na infância aumentam as chances de o adulto desenvolver câncer de pele.
Sobre as outras condições que surgem no calor, mães e pais conhecem bem as chatinhas brotoejas, dermatoses e infecções diversas. No calor elas tendem a aparecer mais e a incomodar mais também. Depende de nós, mães, pais e cuidadores, estarmos atentos a alguns cuidados importantes que vão deixar as férias mais prazerosas e ajudar a evitar a possibilidade de câncer de pele no futuro.
Evite levar bebês menores de um ano à praia ou piscina. Se levar, mantenha-o sempre à sombra, protegido com chapéu de abas largas, bonés. Tem também aquelas roupinhas que protegem contra raios UV, algumas da cabeça aos pés. Aposte nelas, desde que tenham certificado de eficiência.
Crianças devem aproveitar o sol da manhã, até as 10h, e do final da tarde, a partir das 16h, evitando o pico de incidência de radiação ultravioleta B, principal responsável por queimaduras e alterações que podem levar ao câncer de pele;
Lembre-se de proteger bem (com protetor solar e acessórios) rosto, o couro cabeludo, as orelhas, o pescoço, os antebraços, e as mãos;
Evite deixar as crianças com roupas úmidas por muito tempo, lembrando sempre de secar bem partes como virilha, vão dos dedos, pescoço e outras regiões do corpo com dobrinhas de pele.
O filtro solar precisa ser de marcas reconhecidas por sua eficácia, com proteção contra radiação UVA e UVB. Aplique-o sempre à sombra, pelo menos 20 minutos antes da exposição ao sol. Reaplique a cada duas ou três horas. E atenção, se a criança ficar mais de 5 minutos na água, o ideal é reaplicar o produto novamente na pele seca logo em seguida. Lembrando que menores de 6 meses não podem usar protetor solar químico pela fragilidade da pele e somente protetores de barreira como roupas e chapéus.
Ofereça bastante líquido para evitar a desidratação e peça orientação ao pediatra sobre quais cremes utilizar;
Fique atento aos dias nublados. Superfícies como areia, água e concreto refletem os raios solares e aumentam o risco de queimaduras;
Mantenha a hidratação das crianças, isso é fundamental. Ofereça também frutas ricas em líquidos, como melancia, melão e mamão
Cuidado com o consumo de alimentos perecíveis com armazenamento duvidoso, como aqueles vendidos em praias e parques. A incidência de doenças diarreicas no verão é comum e pode levar a quadros de desidratação e internação.
Na dúvida, não deixe de procurar seu pediatra ou dermatologista de confiança. Ele é a melhor pessoa para indicar os produtos mais adequados à pele de seus filhos e orientar quanto aos cuidados com o sol e o calor.
* Claudia Lopes é pediatra e professora do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa.